quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Seminário Estadual de Avaliação de Controle da Hanseníase elabora estratégias para municípios prioritários‏

Na abertura do seminário, representantes da Atenção Básica dos 45 municípios prioritários no combate à Hanseníase do Maranhão.
Dentre as prioridades do governo Flávio Dino no âmbito da saúde, está o controle da Hanseníase nos 217 municípios do Estado, com ênfase nos 45 onde há maior incidência de novos casos. Como parte das ações de combate à doença, nesta terça-feira (18), foi realizado o ‘Seminário Estadual de Avaliação do Programa de Controle da Hanseníase nos 45 municípios Prioritários do Maranhão’, no auditório da Visão e Perfil Eventos, das 8h30 às 17h30, em parceria com a ‘Associação Alemã de Assistência aos Hansenianos e Tuberculosos (DAHM)’.

Participaram do evento, técnicos da SES, coordenadores do Programa Estadual de Controle da Hanseníase (PECH) e representantes da Atenção Básica dos 45 municípios prioritários do Maranhão. Esse foi o segundo encontro deste ano. Em junho, os coordenadores do PECH de 15 desses municípios elaboraram durante o seminário planos de intervenção e traçaram a forma de estabelecerem a ‘Busca Ativa’, que significa ir de casa em casa nos bairros mais endêmicos desses municípios.

As 15 cidades mais endêmicas do Estado são: São Luís, Timon, Imperatriz, Caxias, Codó, São José de Ribamar, Açailândia, Santa Inês, Balsas, Santa Luzia, Barra do Corda, Zé Doca, Itapecuru, Bacabal e Coroatá. Para solucionar esses agravos, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), tem dado ênfase na capacitação e orientação de profissionais que trabalham no PECH. A meta é conseguir reduzir o número de novos casos em 20% até o final de 2018, intensificando a busca ativa em localidades com maior carga da doença.

A Hanseníase é uma doença infecciosa, de período de incubação longo, que atinge principalmente a pele, possui elevado potencial incapacitante e tem colocado o Maranhão entre os Estados com o maior índice da doença, ficando atrás apenas dos estados do Mato Grosso do Sul e Tocantins. Dentre as causas da evolução, e do aumento do percentual de incapacidade entre os novos casos registrados em todo o Brasil, ou seja, pacientes que têm membros infectados amputados, estão às dificuldades para se diagnosticar precocemente a doença.

No Seminário, foram debatidos temas como: ‘Política de Atenção Básica e Hanseníase’, ‘Manejo clínico da Hanseníase em menores de 15 anos’, ‘Situação da Hanseníase no Brasil e no Maranhão’, e ‘Ações Inovadoras para o Controle da Hanseníase no município de Codó’. Foi realizada também, uma mesa redonda para discussão do ‘Enfrentamento da doença no Maranhão’ e ainda, trabalho em grupo para apresentação das ‘Estratégias para alcance das metas’.

Segundo a coordenadora do Programa de Controle da Hanseníase, Maria Raimunda Mendonça, a análise feita pelos coordenadores com os indicadores de seus municípios, é a melhor maneira de se ter o panorama dos tipos de ações que têm sido desenvolvidas e o que é necessário fazer em cada localidade. “Não podemos apontar a mesma medida para todos os municípios, por isso é preciso uma avaliação para saber quais as ações que trarão um retorno melhor a curto, médio e longo prazo para o enfrentamento da doença nesses locais”, explica a coordenadora.

O trabalho de ‘Busca Ativa’, que faz parte das ‘Ações Inovadoras’ do programa, já está funcionando em sete municípios, sendo eles: São Luís, Imperatriz, Açailândia, Caxias, Timon, São José de Ribamar e Codó.

Atuante na visitação sanitária há 35 anos, DelcinaChavier, que já foi coordenadora do PECH de Codó, ressalta que o trabalho de busca ativa é uma das principais ferramentas para enfrentamento da doença, e lembra que no ano passado, dos 134 casos notificados em Codó, 100 foram por meio da visitação domiciliar.

“Durante esses anos, o que observo é que a busca é um meio eficaz, pois faz com que possamos encontrar os casos que na maioria das vezes, não receberia tratamento, porque essas pessoas nem sabem que estão doentes. Esse trabalho facilita a evidência da doença e encaminha o paciente mais rápido para o acompanhamento especializado”, afirma Delcina.

O Brasil é o país que registra 90% dos casos de Hanseníase da América Latina. São Luís é o município do Brasil que mais notifica novos casos de Hanseníase por ano. Em 2014, foram 521casos. Este ano foram 319 novos casos. Imperatriz notificou no ano passado, 150 casos e este ano 109 casos, até agosto. São José de Ribamar, Santa Inês, Timon, Caxias e Codó, estão na lista dos municípios com mais de 50 casos apenas esse ano. De maneira geral, contabilizando as notificações dos 45 municípios prioritários, foram 2.582 novos casos em 2014 e, 1.251 em 2015.

O que na visão do representante da Associação Alemã de Assistência aos Hansenianos e Tuberculosos (DAHM), ManfredoGobel, coloca o Maranhão em alerta, mas não no topo dos Estados do Brasil com maior incidência. “Aqui se tem uma equipe com profissionais qualificados a respeito da Hanseníase. O Estado tem feito um bom trabalho e indo no caminho certo. No Mato Grosso, onde residimos, a incidência ainda é bem maior. Estamos falando de uma doença que tem um período longo de incubação e não é em um curto tempo que se reduzirá os índices de novos casos. É preciso paciência e muito trabalho conjunto”, pontua o representante nacional da DAHM.

A DAHM está no Maranhão há mais de 20 anos e hoje é representada pela enfermeira da SES, Sônia Maria Serra. A Associação colabora no Programa Estadual de Controle da Hanseníase oferecendo recurso para treinamento em capacitação e serviço, faz monitoramento nos municípios através da equipe do Centro de Saúde Genésio Rêgo, promove atividades de reabilitação e realiza campanhas educativas.

Na ocasião do seminário, foram homenageadas pessoas que tem se dedicado no combate da Hanseníase em todo o Maranhão. A superintendente de Epidemiologia e Controle de Doenças do Estado, Léa Márcia Melo da Costa, a sanitarista DelcinaChavier, e o representante da DAHM, ManfredoGobel, receberam placas honrosas em referência à dedicação com a qual realizam seus trabalhos.

“Nossa formação é pela vida. Os pacientes de Hanseníase sofrem pela doença e sofrem pelo estigma. Nossa missão é reduzir não só os indicadores, mas o sofrimento dessas pessoas. Pela primeira vez temos visto um governo voltado para uma política pública que não tem medido esforços para diminuir as incidências nessa área”, disse emocionada Léa Márcia.

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